sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 87


Adeus! És muito cara para que eu te tenha,

E bem conheces o teu próprio valor:

O privilégio de teu peso te liberta;

Minha devoção a ti é toda determinada.

Como posso ter-te, senão por teu favor?

E, diante de tanta riqueza, que fiz por merecê-la?

A causa do presente que me é dado é meu desejo,

E, assim, meu direito me é subtraído.

Tu mesma marcaste teu valor sem o saber,

Ou a mim, a quem o deste, por engano;

Pois tua grande dádiva, de mim arrancada,

Retorna à tua casa, melhor considerada.

Assim, tive a ti, como um sonho demasiado:

Um rei ao dormir e, ao despertar, um exilado.

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