sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 43


Quanto mais pisco, melhor meus olhos veem,

Pois o dia todo vislumbram coisas que nada são;

Mas, quando adormeço, surges em meus sonhos,

E, luzindo no escuro, fulgem em meio ao breu;

E tu, cujo vulto reluz entre as sombras,

Cuja forma mostra-se alegre,

Na claridade, tua luz é ainda maior,

Que, ante meus olhos baços, faz tua sombra brilhar!

Como (eu diria) seriam meus olhos abençoados

Ao ver-te à luz do dia,

Quando, na calada da noite, tua sombra bela e imperfeita

Permanece sob minhas pálpebras durante o sono!

Todos os dias são noites, até que eu te veja,

E as noites, dias claros, ao mostrar-te em meus sonhos.

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