sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 148


Ó, vida! Que olhos o amor me deu

Que não correspondem ao que vejo?

Ou, se for verdade, o que houve com meu julgamento,

Que censura mal o que corretamente veem?

Se for justo o que meus falsos olhos vislumbram,

O que é o mundo se dissermos que ele não o é?

E se não for, então, o amor bem prova

Seu olhar não ser tão verdadeiro: não,

Como é possível? Ah, como pode o Amor ver bem,

Se está tão ocupado em mirar e prantear?

Não há surpresa, assim, que meus olhos vejam mal;

O próprio sol não vê senão quando o dia está claro.

Ah, astuto amor! Cegas-me com tuas lágrimas,

Para que meus bons olhos não vejam tuas iníquas falhas.

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