sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 103


Ah! Que pobreza traz a minha Musa,

Que de tal modo demonstra seu orgulho,

Mesmo o ínfimo argumento vale mais,

Do que ouvir meus elogios a seu favor.

Ah, não me culpes se eu não mais escrever!

Olha no espelho, e lá verás um rosto

Que em muito supera minha torpe invenção,

Borrando minhas feições, e lançando-me em desgraça.

Não era pecado, então, ao tentar emendar,

Arruinar o ser que antes era são?

Porque meus versos não tendem a mais nada

Do que a bendizer tuas graças e teus dons;

E mais, muito mais, do que em meus versos cabe,

Teu espelho te diz ao te mirares nele.

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