sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 56


Doce amor, sê forte; não digas que

Teu ardil seja mais bruto que teu apetite,

Que somente hoje alias e alimentas,

Depois aguçado em seu antigo poder:

Então, amor, sê tu mesma; embora hoje preenchas

A fome de teus olhos, mesmo plenos,

Amanhã novamente vejam, e não matem

O espírito do amor com perpétuo tédio.

Deixa este triste ínterim ser como o oceano

Que divide a praia, onde dois novos seres

Diariamente vêm até as margens, e, ao assistirem

Retornar o amor, mais abençoada se torna esta visão;

Ou mesmo o inverno, que, cheio de cuidado,

Faz o estio ser três vezes mais raro e ansiado.

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