sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 137


Tu, cego e tolo Amor, que fazes aos meus olhos,

Que não veem o que está diante deles?

Eles conhecem a beleza, e sabem onde ela jaz,

Embora o bem nos custe tão caro.

Se os olhos, corrompidos pela parcialidade,

Ancorassem na baía onde todos trafegam,

Por que da falsidade de teus olhos forjaste ganchos,

Para prender a eles o que julga o meu coração?

Por que deve meu coração prever este ardil,

Sabendo ser o lugar-comum deste grande mundo?

Ou meus olhos, ao verem, digam, não é verdade,

Para emprestá-la a uma face tão vil?

No que era certo, erraram meus olhos e meu coração,

E agora a esta falsa praga se entregam.

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