sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 142


O amor é meu pecado, e o ódio, tua doce virtude,

Ódio por meu pecado, de um amor pecaminoso:

Ah, se comparares o teu estado ao meu,

E não achares seus méritos reprováveis;

Ou, se forem, não por teus lábios,

Que profanaram seus rubros ornamentos,

E selaram falsas juras de amor tanto quanto eu;

Roubando outros leitos de seu uso.

Seja dito que te amo, como amas aqueles

Que atraem teus olhos como os meus te importunam:

Planta, em teu coração, a piedade que, quando crescer,

Mereça a tua compaixão ser compadecida.

Se procuras ter aquilo que ocultas,

Pelo teu exemplo te seja negado!

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