sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 117


Disto podes me acusar; que me neguei

A pagar mais uma vez por teus abandonos,

Esquecido de ver o teu amor,

Aonde os laços me prendem a cada dia;

Que tenho estado com as mentes mais impuras,

E cedido ao tempo teu direito adquirido;

Que icei velas a todos os ventos

Que me roubaram de teus olhos.

Marca todas as minhas vontades e erros,

E, com essas provas, acumula conjecturas,

Impõe-me o teu juízo,

Mas não me ataques com teu ódio:

Pois meu apelo revela que tudo fiz para provar

A constância e a virtude do teu amor.

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