sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 62


O pecado do amor-próprio toma meus olhos,

E toda a minha alma, e todo o meu corpo;

E para este pecado não há qualquer remédio,

Tão entranhado está em meu coração.

Penso que nenhum rosto seja tão belo quanto o meu,

Não há forma mais verdadeira, nem jamais vista,

E por mim meu próprio valor se define,

Por superar qualquer outro.

Mas quando o espelho me revela quem sou,

Abatido e carcomido pelos anos,

Meu amor-próprio se contraria;

Ser tão autocentrado seria uma iniquidade.

Tu és (eu mesmo) aquele que em meu nome elogio,

Pintando meus anos com a beleza de teus dias.

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