sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 74


Alegra-te: quando a dura prisão

Sem dó para longe me arrastar,

Minha vida tem neste verso um interesse,

Que, em memória, ainda em ti continuará.

Quando o revires, verás de novo

Tudo o que consagrei a ti.

A terra terá apenas a terra, que a ela pertence;

Meu espírito é teu – a melhor parte de mim:

Então, quando dissipares o que restar de tua vida,

Presa dos vermes, meu corpo sucumbido;

Na covarde conquista de um punhal maldito,

Haverá muito pouco de ti para ser lembrado.

Seu valor está no que ele contém,

E isto é o que vale e, este sim, ficará contigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores