sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 149


Como podes, ó cruel, dizer que eu não te ame,

Quando, contra minha vontade, a ti me entrego?

Não penso em ti, quando esqueço

De mim, por tua causa, brutal tirana?

A quem odeias, que chamo de amiga?

A quem rejeitas, que adulo e acaricio?

Não, se me desprezas, não me vingo

De mim mesmo com pesar profundo?

Que mérito me diz respeito,

Que, por orgulho, despreze teu serviço,

Quando o melhor de mim venera teus defeitos,

Sob o jugo e mando de teus olhos?

Mas, amor, me odeia, pois agora sei o que queres;

Amar a todos que te veem, e que eu te seja cego.

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