sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 145


Estes lábios que a mão do Amor criou,

Entreabriram-se para dizer, “Eu odeio”,

A mim que sofria de saudades dela:

Mas, ao ver meu estado desolado,

Seu coração se tomou de piedade,

Repreendendo a língua, que, sempre tão doce,

Foi gentilmente usada para me exterminar;

E ensinou-lhe, assim, a dizer, novamente:

“Eu odeio”, alterou-se, por fim, sua voz,

Que se seguiu como a noite

Segue o dia, que, como um demônio,

Do céu ao inferno é atirado.

“Eu odeio”, do ódio ela gritou,

E salvou-me a vida, dizendo – “Tu, não”.

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